terça-feira, 4 de outubro de 2011

Primeira escolha moral - Capítulo II


CAPÍTULO SEGUNDO
Antes de ensinar com que arte se deve regular cada um dos afetos, deve-se considerar a índole universal do coração, e refletir atentamente sobre a estrutura dos principais afetos, e tirar do prumo, por assim dizer, o artifício; em seguida, recolocaremos cada um no seu lugar. Enumerarei aqueles com distinção mais clara do que aquilo que foi feito pelos Estoicos, e de forma mais completa do que fizeram os Peripatéticos. Aristóteles se recordou de todos aqueles que bastam para os Políticos, eu falarei daqueles que são necessários ao Cristão. Não pode reparar um relógio defeituoso quem é ignorante daquele difícil e excelente ofício; da mesma forma, aqueles que querem regular a vontade, precisam conhecer sua estrutura. Assim, todo o movimento da alma ou é dirigido para o bem, ou para o mal: e o mal é ausência do bem. O ímpeto da alma reta está sempre dirigido para o bem. O movimento do malvado é de dois tipos: às vezes se retira, outras se aproxima, ou seja, evita o mal, fugindo dele, recebendo-o, ou esbanjando dele e atacando-o. Pelo resto, o bem e o mal ou nos surpreende face a face, ou nos provoca de longe, ou nos chama; ou seja, ou ele é presente, ou passado, ou futuro, ou possível. Buscando o repouso, em toda a parte, a vontade perturba o bem; e, por todos os lados, é perturbada pelo mal. Portanto, os afetos se distribuem segundo a obtenção ea segurança do bem e do mal. O amor reto e de olhar simples corre em direção ao bem, quando o vê presente, se transforma em alegria; quando o pensa como futuro, se transforma em esperança; quando passado ou possível, se difunde em desejo. Mas também a inclinação para o mal se distribui assim: aquela que simplesmente com aspecto turvo diz respeito ao mal, se chama ofensa; a que está enraizada se transforma em ódio; quando se subtrai do dano presente, se transforma em tristeza; vinculada ao passado, se chama arrependimento; relacionada com o futuro, se contrai em medo. Esta variedade serve para dar segurança e fazer o mal fugir. Há alguns outros efeitos guerreiros e atos de combate que se insurgem contra o mal e o atacam: a ira se arma quando o mal esta presente; a confiança e a coragem se preparam contra o futuro.

NIEREMBERGH, Giovani Eusebio. Dell'Arte per ben reggere la volontà, insegnata da Padre Gio: Eusebio Nierembergh della Compagnia di Giesu, Libri Sei, Trasportati dalla Latina nella Lingua Italiana. All'Illustrissimo e Reverendissimo Signore Monsignore Daniello Delfino, Vescovo di Filadelfia, & Eletto Patriarca d'Aquileia (Gabriello Baba, Trad.). Venezia: Nicolò Pezzana, 1669, pp. 372-374.

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