Biografia do P.e Juan Eusébio Nieremberg, s.j.

Juan Eusébio Nieremberg nasceu em 1595, em Madrid. Assim refere o Arquivo Paroquial de San Martín (APSM):

En la villa de Madrid en nueve días del mes de Septiembre: Yo don Al.° Osorio Cura teniente parroquial de Sn. Martín bapticé a Juan Eusebio hijo de Gotfrid Nieremberg y de Regina Otin Alemanes Criados de la Magestad de la emperatriz. Fueron sus compadres Juan Ruiz de la Concha y (ilegível). Fueron testigos Germán de la bega y Juan (ilegível) y P.° Sanz. – El Dr. don Ossorio Carrillo (APSM, L. 4, fl. 145v).

Infelizmente, dada a precariedade de fontes, não é possível identificar com exatidão o local onde, antes, se estabelecia a família Nieremberg, quando ainda serviam a Corte Real, na Áustria. Sabe-se apenas que, por volta do ano de 1594, sua família, que servia a Imperatriz Dona Maria da Áustria (esposa do então recentemente falecido Maximiliano II), mudou-se para a Espanha junto de Sua Magestade Imperial (Cf. Didier, 1976).
Praticamente todos os primeiros anos de sua vida foram vividos numa Espanha em crise, sob o reinado de Felipe III: marcada pela decadência política e econômica. Quando completou 15 anos, Nieremberg terminou os estudos de humanidade e latinidade, no Colégio Imperial de Madrid. Foi, então, para Alcalá de Henares e depois para Salamanca, onde dedicou-se ao Direito e ao Direito Canônico. Ali, conheceu alguns padres da Companhia de Jesus e, aos 16 anos, caiu doente por três meses; fato a que se referem seus biógrafos como sendo de suma importância na vida de Juan Eusébio: é nesse momento, segundo dizem, que descobriu os temas fundamentais de todo o seu trabalho intelectual posterior – a miséria do homem, o pecado, a morte e a Beleza divina (cf. Calvo, 2006).
Aos 19 anos de idade, decidiu ingressar na Companhia de Jesus, sendo admitido ao noviciado no dia 2 de abril de 1614, em Salamanca. Seguiu, então, todo o percurso de formação necessária para se tornar um jesuíta – período de provação (em Villagarcia, Navalcarnero e Madrid) –, até que, no dia 3 de abril de 1616, pronunciou os votos. De Madrid, seu último destino, foi enviado a Huete, onde aperfeiçoou o latim, o grego e o hebraico. Terminados esses estudos, seguiu para Alcalá, onde recebeu o diploma de Artes e Teologia, tendo, inclusive, lecionado latim naquela Universidade até o ano de 1623, quando foi ordenado sacerdote. Cinco anos mais tarde, assumiu a cátedra de Ciências Naturais da Universidade de Madrid, bem como a tarefa de confessor dos estudantes da Casa da Companhia naquela Universidade. Em 1633, acumulou ainda a cátedra de Sagrada Escritura. Até 1645, estudou e escreveu dezenas de obras. Por essa época, porém, aos 50 anos de idade, os arquivos relatam que Nieremberg adoeceu: uma paralisia que o dominou por muitos anos, impedindo-o, inclusive, de falar. Em 1650, após uma grave queda, recuperou parte da saúde, inclusive a fala, permitindo que se dedicasse a terminar alguns de seus mais importantes livros, até falecer no dia 7 de abril de 1658.
Os Arquivos da Companhia o descrevem, em 1625, pouco depois de sua ordenação, como homem de “muy buen ingenio, juicio y prudente, flematico melancolico aventajado en letras, saliente para estudios buen operario” (ARSI, TOLET 22, fl. 152). Em 1649, 5 anos depois de cair doente, sua descrição nos catálogos é mais precisa e diz que Nieremberg “es de buen ingenio, juizio, prud[ente]. y exper[iente]. y de sufficientes letras de Theologia escolastica, y moral, es de complexion flematica; talento para predicar, o, governar no le a podido mostrar por sus continuas indisposiciones” (ARSI, TOLET 24, fl. 251). Já perto de sua morte, os catálogos o descrevem assim: “Ingenium / bueno, Iuditium / bueno, Experientia / poca, Profectus in litteris / muy bueno, Naturalis complexio / flaca, Talenta ad ministeria / bueno” (ARSI, TOLET 25, fl. 8). No entanto, seus biógrafos e estudiosos de sua obra são unânimes em descrevê-lo como um homem de “prodigiosa vitalidade” e cheio de uma “atração amorosa pela morte”, enérgico e trabalhador, inquieto, pacífico e fácil de governar, austero, e que nunca criou problemas dogmáticos (Cf. Didier, 1976; Calvo, 2006).

Referências bibliográficas
APSM, L. 4.
ARSI, TOLET 22.
ARSI, TOLET 24.
ARSI, TOLET 25.
Calvo, M.J.Z. (2006). Muerte, alma y desengaño: las obras latinas del padre Nieremberg. Revista de Humanidades: Tecnológico de Monterrey, 21, PP. 15-121.
Didier, H. (1976). Vida y pensamiento de Juan E. Nieremberg (M. N. Carnicer, Trad.). Madrid: Universidad Pontificia de Salamanca y Fundación Universitaria Española (Original de 1974).

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