segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Terceiro meio - Capítulo IX

CAPÍTULO NONO
Assim, para satisfazer ao maior e mais nobre desejo que recebemos da Natureza, e para adquirir uma vantagem tão alta – que é a de nos tornarmos imortais – tenhamos todos cuidado e toda habilidade possíveis para nos instruirmos no método de fazer o bem; liguemo-nos fortemente ao estudo da Virtude, como àquilo que deve ser nosso exercícios mais ordinário. Mas, guardemo-nos de nos divertir numa ociosa e vã contemplação; e de perder o tempo na busca por meios de fazer o bem, quando o que temos que fazer é, na verdade, praticar. Guardemo-nos de cair no inconveniente daqueles que, por perderem muito tempo na deliberação, não executam nada e nunca chegam ao objetivo, por ficarem considerando com muito cuidado qual a melhor via para chegarem ao objetivo. A maneira é, sem dúvida, necessária em todas as coisas, se não for nelas que consiste puramente a maneira mesma, como são as boas obras. É preciso aprendê-las através do uso, e nos relembrarmos daquilo que Pitágoras disse: não é no conhecimento que reside o bem, mas na ação. E, certamente, fazer o bem é, nisso, ser muito sábio; é suficiente ter a inteligência disso do que ter a prática disso. O saber e a eloquência do Médico não servem a nada, para o doente, sem a operação da mão e a aplicação do remédio. Uma poção vale muito mais, nesse sentido, do que todas as especulações da Academia e do Liceu. Os conhecimentos sublimes e delicados não fazem o homem de bem, mas somente a prática da Virtude.

NIEREMBERG, Jean Eusebe. L'art de conduire la volonté selon les preceptes de la Morale Ancienne & Moderne, tirez des Philosophes Payens & Chrestiens. Traduit du Latin de Jean Eusebe Nieremberg, Paraphrasé & de beaucoup enrichy par Louys Videl, de Dauphiné. Dedié à Monsieur de Lionne, Conseiller d'Estat ordinaire & Secretaire des Commandements de la Reyne Regente. Paris: Chez Jean Pocquet, 1657, pp. 307-308.

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